Depois de apenas doze jogos, o veredito: Lonzo Ball é fraquíssimo. Comentaristas, analistas, especialistas, torcedores... Todos criticando duramente o novato. Não sem razão, claro. Seu início horrendo talvez preocupe os mais desesperados, mas os mais pacientes sabem que tal começo desanimador é algo completamente normal no mundo NBA. A origem deste artigo é para tentar expor o porquê de Lonzo desapontar nestas doze primeiras partidas e acalmar os que já fazem tempestade em copo d’água.
Antes de tudo, deve-se saber qual foi o esquema aplicado em UCLA para que Ball se destacasse de modo tão significativo. E (faça uma cara de espanto mesmo já sabendo) é deveras diferente do que Luke Walton emprega (ou tenta empregar) no Lakers. Abaixo, um gráfico revelando em porcentagem a frequência de jogadas da equipe de Steve Alford. Atente-se apenas ao número de Pick and Roll.
Baixíssimo, não? Somente 12.3% das jogadas de UCLA foram sobre este tipo de jogada. Em Los Angeles, absurdos 27%. É difícil dizer se o Lakers realmente tem um esquema, mas se tiver é péssimo. E não é só isso: Lonzo era “pouco” utilizado neste estilo, mas de forma abissal. Explicar o extremamente complexo estilo de Picks de UCLA é cabível de um texto unicamente para isso, mas acredite no autor: é incrível. Lonzo não fazia este tipo de jogadas com a mesma frequência, mas tinha um aproveitamento absolutamente melhor. Comparar com os simples corta-luzes desenhados por Walton é um crime.
Outra reclamação constante vem da seguinte frase: “Lonzo é um PG puro muito passivo, precisa mudar esse pensamento”. Dois erros: Ball não é passivo e não é um PG puro. Como um armador que tenta doze arremessos por partida é passivo? Lonzo não chega perto de ser isso. Na verdade, o problema está na escolha dos chutes: 44.6% de seus chutes são do perímetro. Nas bolas de dois, de onde vem os 55.4% restantes, Ball tem 40.3% de aproveitamento. Nada mal para um novato, né? Não é o ideal, mas não é pavoroso. Já sobre a questão de ser um armador puro no sentido da palavra, por incrível que pareça ele jamais foi isso. Sabe-se que isso foi vendido pela mídia, mas não é verdade. Em UCLA, ao menos ofensivamente, Lonzo era um SG. Veja no gráfico abaixo:
As jogadas que Ball participou no College tem um grau de similaridade de 80.3% com um armador da NBA, em contraste aos 91.5% de um ala-armador. Ou seja: Lonzo participou do ataque de UCLA como um SG. E assim ele se destacou. No Lakers, sem surpresa, é sem a bola que Lonzo pontua melhor. Observe:
Lonzo só encosta na redonda para definir. Em várias outras jogadas, tanto no College quanto na NBA, pode-se ver jogadas com esse fim: cesta. Transformar-se de basicamente um SG para um PG vai demorar bastante, queira ou não. Qualquer desespero aqui é infundado. Lonzo é um novato que está sendo pedido para produzir em um ataque horrendo, sem jogadas desenhadas e que não explora seu potencial da forma correta. Torcedores, calma. Lonzo vai mal, mas vários já foram. Acontece com qualquer um. Por que não falam de sua defesa incrível, que o põe entre os melhores? Ou de que se encontra entre os dez melhores em potenciais assistências (em que calcula as assistências que o jogador distribuiu além das que deveriam contar se os companheiros fossem qualificados), com 12.7? Contentam-se apenas com arremessos. Mas isso é normal. Com time grande é sempre assim. O Lakers incomoda. Bastante.
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