Cotado como a principal arma ofensiva do elenco datando de antes da pré-temporada, Brook Lopez ainda não agradou. É sabido que foram apenas quatro jogos, mas mesmo assim, o fraco desempenho já começa a preocupar os mais desesperados. Felizmente, a equipe, por enquanto, está se virando bem com sua estrela em má-fase. Mas por que Lopez anda jogando tão mal? Seria esse um problema do departamento técnico ou do próprio jogador? Antes de tudo, é preciso ter em mente que houve apenas quatro jogos, então nada de tirar conclusões precipitadas, pedir troca e falar mal da mãe do cara. O principal problema de Brook é se encontrar em um novo esquema, com um novo treinador e com novos companheiros. E isso fica claro quando comparamos mais a fundo as funções exercidas por Lopez em Brooklyn com os novos papéis agora em Los Angeles. Observe atentamente esta imagem (a propósito, eu mesmo produzi): Antes de entrar de cabeça nos números, você, talvez, deva estar se perguntando: por que o Percentil de (quase) todas as jogadas da Temporada 2017-18 está em branco? E como Lopez conseguiu um PPP (pontos por posse) de um mesmo com um FG% nulo no quesito Isolation? Primeiro, Lopez ainda não está qualificado pra entrar no cálculo de Percentil da NBA por conta do número insuficiente de jogadas em tal quesito. Segundo, o cálculo de PPP também leva em conta as idas para a linha de lance livre, onde provavelmente Lopez conseguiu esses pontos.
Também há de se saber o que é Percentil: apesar de eu já ter explicado neste texto, vale a pena dar mais uma revisada. Percentis são medidas que dividem a amostra ordenada (por ordem crescente dos dados) em 100 partes, cada uma com uma percentagem de dados aproximadamente igual. Em outras palavras: se o Percentil de pontos por posse de um jogador é de 76.5%, significa que apenas 23.5% dos jogadores são melhores que ele no quesito. Não é tão difícil quanto parece. Todas as dúvidas para trás, hora de analisar a bagunça. Brook mais que dobrou seu número de transições, muito forçado, realmente, pelo estilo de jogo angelino. Contudo, o que era sua jogada de maior aproveitamento em Brooklin, alterou-se para um pesadelo em Los Angeles, com uma queda de vertiginosos 25.7% no aproveitamento dos arremessos. Tirando os Off-Screens, todas as jogadas sofreram uma mudança impactante na frequência, o que pode ter causado a queda de rendimento de Lopez. Então tenha calma antes de se desesperar com a performance de Brook. Talvez ele esteja apenas se adaptando ao novo jeito de jogar. Talvez tenha sentido o baque de sair de Brooklyn depois de tanto tempo. Talvez Walton não esteja sabendo o utilizar da forma mais correta. Ou talvez ele já não seja o jogador que fora. Quando não temos certeza, um talvez seja o ideal.
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Eu lembro do início da temporada de 2012-2013. Na temporada anterior, o Lakers havia sido eliminado pelo Thunder, que viria a ser campeão de conferência e perder a final da NBA para o Miami Heat de LeBron.
O sexto anel de Kobe era obsessão. Não apenas do jogador, mas da diretoria e, obviamente, dos torcedores. A diretoria então correu atrás de jogadores para montar um time mais forte e competitivo para Kobe buscar sua tão sonhada conquista e se igualar a Michael Jordan em número de títulos. Após o veto da troca de Chris Paul para o Lakers, a diretoria, como uma espécie de última cartada, conseguiu reunir Steve Nash e Dwight Howard com Kobe e companhia limitada (muito limitada). Uma euforia enorme tomou conta dos torcedores do Lakers. Alguns até cravavam o Lakers campeão contra o Miami Heat de LeBron e Wade. O time do Lakers de 2012-2013 dominava todas as estatísticas dos jogos de videogame na época, era repleto de apostas e de muita expectativa. O quinteto inicial era composto por Steve Nash, Kobe Bryant, Metta World Peace (Ron Artest), Pau Gasol e Dwight Howard. Ainda contava no banco com Steve Blake, Antawn Jamison, Jodiee Meeks, Chris Duhon e Jordan Hill, entre outros. A euforia acabou com os primeiros jogos da pré-temporada e da temporada regular. O time jogava muito mal. Kobe sacrificava-se por todos enquanto a defesa era horrível. Entre a pré-temporada e a temporada regular, o Lakers foi comandando por três treinadores diferentes: Mike Brown (1-4), Benie Bickerstaff (4-1) e Mike D’Antoni (40-32). D’Antoni, cuja escolha para ser treinador do Lakers é assunto de outro texto, montou um esquema tático horroroso. Kobe ficava em quadra aproximadamente 40 minutos por partida e era o centro de todo ataque, já na defesa, nada funcionava. Dwight Howard não conseguia impor a dominância que já exercera durante a carreira enquanto jogava em Orlando. O time oscilava entre sexto e nono com a mesma frequência que as lesões apareciam. Nash, Gasol e Howard. Ombro, costas, joelho, ombro, pé, costas, ombro e assim por diante. Os riscos de arriscar um futuro numa última cartada por jogadores veteranos começava a se destacar. O Lakers não era metade do time que todos esperavam que fosse, o que obrigava Kobe, cestinha da temporada na época e um dos candidatos ao prêmio de MVP, a doar tudo de si e jogar com uma minutagem esdrúxula. E então o maior dos pesadelos de todos torcedores do Lakers se tornou realidade. Em um jogo que encaminhava a participação do Lakers nos playoffs, Kobe rompe o tendão de Aquiles e a única esperança, mesmo que distante, acabava de ir embora. Dor. Lágrimas. Angústia. Preocupação. Ansiedade. Incertezas. Raiva. Impulso. Todas as polêmicas da temporada 2012-2013 só aumentaram. O desentendimento de Kobe com Howard, as lesões de Nash, o descontentamento de Gasol, a escolha por D’Antoni e não Phill Jackson. O Lakers ainda conseguiu a classificação para os playoffs em sétimo e foi varrido pelo Spurs no primeiro round, desde então nunca mais a franquia chegou nos playoffs. Kobe nunca mais reencontrou a velha forma (o que era praticamente impossível até para ele). Howard foi embora. Nash foi embora. Gasol demorou um pouco, mas também acabou indo embora. Da esperança do título ao rebuild. O sonho com o troféu Larry O’Brien até a incerteza de continuação da carreira de Kobe. Todas as estrelas se foram, junto com toda expectativa em cima da peculiar temporada que viveu o Lakers nos anos de 2012 e 2013. Fazia tempo. O coração já não se aguentava mais. A mente dificilmente pensava em outra coisa. Sim, nós tentamos contornar a angústia assistindo vídeos da temporada passada. E sim, como esperado, não deu certo. E não chegou nem perto de dar. A pré-temporada foi legal, a galera curtiu, mas não é a mesma coisa. E não chegou nem perto de ser. Serviu ao menos para matar a saudade. Mas, finalmente, VOCÊ chegou. Realmente você, não um teaser. Depois de longínquos seis meses e alguns dias, a espera termina em uma semana. E já era tempo.
NBA, pode tirando o cavalinho da chuva. Se você é minimamente inteligente, perceberá que o seu calendário começará antes. É óbvio que não falo de você. Você é arrumadinha, eu respeito, mas me expressava sobre algo maior, com nome e sobrenome: Los Angeles Lakers. Esse sim, o motivo de não conseguirmos dormir. Por seis meses, assistimos a outros jogos, experimentamos outros esportes, torcemos por outros times e poucas vezes sentimos o que costumamos sentir quando assistimos a um jogo seu. Mas como um bom filho sempre retorna, assim fizemos. Seu momento não é dos melhores, mas o que importa? Acompanhar-te-íamos até se ir para outros planetas fosse necessário. E não adianta. O time não vence, não convence, passa vergonha e nada muda. Talvez esta paixão infinita tenha nos tirado a noção, pois nos satisfazemos com enterradas de novatos mesmo com o time perdendo por trinta pontos. E nem ligamos. E a cada temporada contamos os dias para te assistir, sonhamos te ver ao vivo, fazemos contas sobre as sequências difíceis que teremos e marcamos a data em que humilharemos aquela franquia verde em pleno TD Garden sem pudor algum. Todo santo ano. Algo tão metódico que assusta os mais juvenis. Mas não a nós. Não mais. Se tem uma coisa que impreterivelmente cada torcedor dessa franquia faz, é fantasiar a temporada perfeita na cabeça. Não precisa mentir pra si mesmo, eu sei que você faz. Até mesmo o mais pessimista dos fãs, quando se prepara para dar aquela cornetada no elenco, para por um momento e reflete: “...e se tudo der certo? E se o sol se alinhar à lua?” E a culpa é sua. Na verdade, existem dois culpados por isso, e você é ambos. Você nos acostumou mal. Títulos, vitórias, massacres, glamour... Por dezesseis vezes, faxineiras ficaram putas da vida secando o chão de champanhe. Todos os anos, ficamos no mesmo estado quando Maio (ou Julho, depende do elenco) chega. Então pense bem antes de sumir de novo. Avise-nos antes, por favor. Seis meses parecem uma eternidade sem você. Parece mentira, mas sentimos falta de tudo: das belas jogadas às bizarrices inventadas pelos técnicos, dos chuás às tijoladas do perímetro, das vitórias às quase vitórias. Tudo a que temos direito. Talvez (talvez, nada!) o dia mais importante do ano seja a sua estreia. E esse ano pode e provavelmente não será dos melhores, mas quem liga? Ainda assim nos deliraremos com cada jogada sua. Nós te amamos. É como dizem: “Família vem sempre em primeiro lugar.”. E você é família. |