No dia 3 de Junho de 2010, Los Angeles Lakers e Boston Celtics estavam, mais uma vez, frente a frente em uma final da NBA. O Lakers defendia o campeonato e buscava seu décimo sexto título, o Boston buscava seu décimo oitavo troféu e acabar com a hegemonia do maior rival.
No primeiro jogo da série, em Los Angeles, já que o Lakers ficou com uma campanha melhor que a do Celtics na temporada regular, o Lakers atropelou o time de verde, com uma vitória de 102 a 89. O time de Los Angeles sobrava em relação ao Celtics em todos os quesitos. O destaque da partida foi Kobe Bryant com 30 pontos e Pau Gasol com 14 rebotes. Os dois times voltaram a se enfrentar pelo segundo jogo das finais e o que pudemos ver era um Boston agressivo, querendo a vitória mais que tudo. Ray Allen acertava praticamente tudo que caía em suas mãos, tornando-se uma máquina de arremessos de três pontos. Rajon Rondo também terminou com um Triple-Double e o Celtics empatava a série, vencendo por 103 a 94. A rivalidade voltava então para Boston e o canto “Beat LA!” era frequentemente entoado por todos os torcedores de verde no TD Garden. Celtics começou o jogo explosivo. Garnett e Pierce machucavam a defesa do time de Los Angeles, até que depois do primeiro tempo pedido pelo técnico Phill Jackson, o Lakers abriu uma run de 32-8, liderada por Kobe Bryant e Pau Gasol. O Celtics conseguiu voltar ao jogo e só não venceu a partida por conta de Derek Fisher, que anotou 11 dos seus 16 pontos no último quarto. Liderando o Lakers para a vitória e abrindo a vantagem de 2-1 na série. Kobe terminou a partida com 29 pontos, finalizando o placar em 91 a 84. O jogo 4 foi decidido por jogadores que não eram esperados para tal ato. O banco de Boston, jogando duro, um basquete forte e intenso, foi capaz de segurar o ímpeto do Lakers durante todo o jogo. Kobe liderava o time e até conseguia encostar no placar, mas a diferença nunca chegou a trocar de lado. Mesmo com 33 pontos de Bryant, o Celtics empatava a série em 2-2, vencendo por 96 a 89, Na batalha de número 5, o Celtics sobrou, deitou, venceu, convenceu e uma vitória apenas separava a franquia do título. Paul Pierce destruiu qualquer esperança do Lakers naquela noite. Kobe Bryant, o único jogador do Lakers a pontuar mais que 12 pontos, anotou 38, que não foram suficientes para vencer o time de Boston, que encerrou a partida em 92 a 86. E por mais que não fique claro o domínio do Celtics analisando o placar, em termos táticos a diferença era gritante. O Lakers precisava vencer para forçar um jogo 7 e ainda lutar pelo título. Com uma lesão de Kendrick Perkins logo no começo do jogo, o Celtics fora dominado pelo Lakers. Kobe anotou 26 pontos e liderou o time para empatar a série em 3-3, vencendo o jogo por 89 a 67. Chegávamos então ao último duelo de uma das melhores finais de todos os tempos da NBA. Ninguém queria perder. Era a maior rivalidade da história do basquete em um jogo 7. O Celtics começou o jogo como sempre fazia, jogando de modo intenso e forte, estratégia essa que proporcionou ao time de verde uma vantagem considerável, liderada por Garnett e Rondo. Com uma partida e um basquete coletivo, o Lakers terminou o terceiro quarto perdendo apenas por 4 pontos. Já no último período de basquete, após ataques consecutivos pontuando, o Lakers liderava o jogo por 68 a 64. Então, depois de um tempo e do Celtics trazer a diferença para três pontos, Ron Artest acerta um arremesso que está na cabeça de todo torcedor do Lakers até hoje. Magistralmente Ron beija as mãos e estende os braços para a torcida e o Staples Center explode. O Lakers liderava por 6. Nos segundos finais do jogo, o Lakers estava na frente com uma vantagem de 81-79. Boston foi obrigado a fazer uma falta em Sasha Vujacic e em minutos de tensão, o jogador acertava os dois lance-livres, colocando a vantagem, dessa vez em definitivo, em 83 e 79. Nosso Lakers venceu o maior rival numa melhor de 7. Jogando um basquete estratégico, cirúrgico, coletivo. Liderado por Kobe Bryant, que vencia seu segundo campeonato sem Shaq, calando muitos críticos. Kobe também fora nomeado MVP das finais, anotando em média 28.6 pontos, 8 rebotes e 4 assistências. E assim terminava, na minha opinião, a melhor final dos anos 2000 até então.
Comentários
Passados 41 jogos para a maioria das franquias - a metade da temporada para os mais chegados – uma comparação, ainda que esdrúxula e sem sentido, pode ser feita com mais tranquilidade. Analisar absolutamente todos os novatos seria algo deveras complicado, então resolvi escolher os mais falados: Jayson Tatum, Ben Simmons, Lonzo Ball, Josh Jackson, De’Aaron Fox, Kyle Kuzma e Donovan Mitchell. Anotou? Beleza. Usarei aqui dados que correlacionem impacto e eficiência, pois produção básica, além de ser enganadora, é sabida por todos. O legal é inovar. Antes de começar, é preciso saber o que cada estatística significa:
EFICIÊNCIA Jayson Tatum é um monstro. Bom, ao menos é o que diz as duas primeiras estatísticas. Adivinha quem é o melhor novato em POE? Jayson Tatum. E o melhor em TS%? Jayson Tatum. Talvez seja difícil encontrar uma temporada tão eficiente de um novato na história da NBA. Só pra traduzir: CPOE são quantos pontos de média um jogador tem a mais ou a menos que um hipotético jogador, exatamente mediano, faria se chutasse as mesmas bolas. Tatum faz 1.7 pontos de média a mais que esse jogador, e Ball 3.5 a menos. A mesma coisa se aplica na tábua defensiva, o DPOE. O esperado aconteceu: Ball é o pior da Liga ofensivamente, mas compensa defensivamente, sendo melhor que 84% da NBA no dado. É sempre bom lembrar que o DPOE só conta defesa 1x1, obviamente. Help Defense só dá pra ser calculado no olhômetro ou em estatísticas de impacto. No homem a homem, então Tatum é o melhor. Mas não quer dizer que seja o melhor defensor no geral. Use mais esta ferramenta pois é ótima. Já em TS%, Tatum de novo é o melhor: 62.5%. Para se ter uma noção, a média da NBA é de 55.4%. Bom, né? Kyle Kuzma e Mitchell vem atrás, com 55.8% e 54.7%. Ben Simmons, prejudicado pelo baixo aproveitamento em lances livres, registra 53%. Fox e Jackson preocupam: 46.4% e 45% Mas mais uma vez Lonzo Ball leva o troféu de pior: 43.9%. E acredite: já foi pior. IMPACTO Então foi comprovado, Lonzo Ball é ruim. Certo? Errado. É aqui que o armador se destaca. Se nos dois primeiros dados ele ocupava as últimas posições com Jackson e Fox, aqui ele os deixa comendo poeira e melhora substancialmente. Em Real Plus-Minus, Ben Simmons, com 1.8, lidera, seguido de Tatum (1.75) e Mitchell (0.92). Em quarto, Ball tem 0.87. Apenas esses tem RPM positivo. Kuzma com -1.84, preocupa defensivamente, enquanto Jackson e Fox se encontram mais uma vez entre os últimos (-4.59 e -5.40). Ah, o melhor DRPM é de Ball, com 1.97, o terceiro melhor da posição no geral. E lembra aquela estatística que calcula o impacto de um jogador igualando a sorte que cada um teve em cada jogo na temporada? Bom, essa é a Player Impact Plus-Minus. E duvido você adivinhar quem é o melhor até agora... Alguém precisa parar Jayson Tatum. Tirando esse monstrinho, Lonzo Ball e Mitchell também se destacam. Ben Simmons tem uma queda defensiva e Kyle Kuzma mais uma vez vai mal. Como deu pra perceber, Ball é o melhor defensor. E como de costume, Fox e Jackson ocupam as últimas posições.
Não, essa não é uma tentativa de mostrar que Lonzo Ball é muito bom. Escrevi isso tudo e procurei as estatísticas mais obscuras e avançadas e eficientes que conheço pra mostrar que Ball é um novato como qualquer um. Arremessar 2-10 não é bom, mas Lonzo está a um arremesso minimamente bom de virar uns dos melhores jogadores da NBA. E isso tudo nos primeiros 40 jogos da carreira. Não há real motivo de preocupação com a qualidade dele. E ele pertence sim à discussão de melhores novatos da temporada. Só não vê quem não quer. Ou quem é cego. Ou os dois. Era o dia 28 de Dezembro de 2014 e eu estava em Los Angeles. Como presente de Natal de um tio meu que eu não visitava fazia anos, ele me deu um ingresso para assistir Lakers e Phoenix Suns, no Staples Center.
Kobe, que já sofria com muitas lesões, estava fora e era dúvida para o jogo daquela noite. Tudo bem. Eu aceitava. Só de estar ali no ginásio e sentir toda aquela atmosfera já valia, eu nem me importaria de assistir Ronnie Price, Jordan Hill, Jeremy Lin e Wes Johnson. Fomos então para o Staples. Lindo. Maravilhoso. Erguia-se pela noite de Los Angeles como um gigante numa batalha antiga. Pisei nos arredores do ginásio e meus olhos lacrimejaram. Eu não acreditava que estava ali. Ali tantos astros já pisaram, venceram, foram derrotados e choraram. Ali onde o nosso último troféu de campeão fora levantado. Ali onde Kobe e Shaq regiam seu império, até o fim dele. A única coisa que me chateava era não poder assistir Kobe Bryant. Antes de entrarmos, decidimos comer ali mesmo, em um restaurante nas proximidades do Staples. Era um lugar muito aconchegante, Yard House. Repleto de TV’s, cervejas e petiscos, onde muitas pessoas se reuniam para assistir jogos de diversos esportes. Depois de terminar meu prato, comecei a reparar de canto de olho numa TV e então meu coração disparou. Kobe Bryant jogaria naquela noite. Após 2 semanas fora. Eu não acreditava. Era uma criança realizando o sonho da vida. Entrei no ginásio após passar a revista, eu não piscava. Ganhei uma revistinha para acompanhar o jogo que tenho até hoje, com Kobe e Byron Scott na capa (risos). Durante a escada rolante, vários quadros das (ainda bem) inúmeras Championship Parades que foram realizadas em Los Angeles, Kobe e Shaq, Gasol e Fisher, Ariza, todos eles segurando o tão amado troféu Larry O’ Brien. Os corredores do Staples serviriam muito bem como um museu, com camisas de All-Star Games realizados ali, assinadas por Arenas, Kidd, Kobe, Shaq e até Jordan. Chegamos até o nosso “portão” de entrada e fomos até as cadeiras. Uau. Não aguentei. Meu rosto tomou uma mistura de emoção com felicidade e eu não conseguia falar, aquilo não poderia ser real. O aquecimento dos times começou e ele estava ali. Kobe Bean Bryant. Aquela pessoa que eu assisti durante todas as madrugadas na frente do computador, estava arremessando como qualquer um. A apresentação do time começou e é tudo maravilhoso, umas cortinas enormes descem do placar até a quadra e um vídeo é reproduzido ali. Quando o nome de Kobe é chamado, o barulho é estratosférico. Todos gritam. Inclusive um torcedor do Suns que estava com o filho, do meu lado. Kobe era magistral com a bola nas mãos. Sério. Só quem o assistiu ao vivo pode ter essa percepção. O cara brinca. E mesmo com seus 17 pontos, 9 rebotes e 8 assistências, o Lakers acabou derrotado, com um show de Eric Bledsoe. O que eu tenho pra dizer é: quem tiver a oportunidade, vá ao jogo! Nem que seja para ver Ennis e Bogut. Tudo vale a pena, do cheiro do ginásio até a cadeira. Eu realizei um sonho e nunca vou esquecer disso, espero que vocês também! |