Depois que toda empolgação e previsões malucas passaram, as águas se acalmaram, a temporada da NBA começou e muito foi falado que o ideal e esperado para o Lakers seriam 30 vitórias. Acontece que esse número 30 chega a ser muito abstrato, a representatividade que ele possui muitas vezes não é explicada e chegou a hora de mostrar para vocês o que esse número significa.
Primeiro vamos analisar o Record (número de derrotas e vitórias do Lakers na temporada regular) dos últimos anos: 2013-14: 27-55; 2014-15: 21-61; 2015-16: 17-65; 2016-17: 26-56. É válido ressaltar que esses dados são computados com todos os 82 jogos disputados. Olhando para o presente, 17/03/2018, o Lakers está 31-38. E calma, ainda faltam 13 jogos. TREZE. O principal ponto desse texto se encontra justamente nisso. E pode ser muito óbvio, mas as consequências, ou melhor, POSSÍVEIS consequências, que são o diferencial de tudo. A obviedade se encontra na análise do Record. O Lakers está ganhando mais (mesmo faltando 13 jogos, é a melhor campanha desde 2013-2014). E irei responder para vocês o que isso significa. O time do Lakers é novíssimo, repleto de calouros e jogadores que ainda tem muito a evoluir. E esse aumento do número de vitórias com o passar dos anos é o que todos os torcedores querem saber: ESTAMOS EVOLUINDO. Estamos vencendo, criando uma mentalidade vencedora, um sistema de jogo que aos poucos vai criando sua identidade (uma das principais críticas a Luke Walton era justamente a falta desse sistema), Ingram quase dobrou suas médias e encontrou seu arremesso, Lonzo em sua primeira temporada já se mostra um potencial exímio defensor, Kuzma e sua confiança e o principal nome da temporada: Julius Randle. Dói no fundo da alma saber que podemos perder esse cidadão. Então, para recapitular, a primeira e óbvia análise dessas 30 vitórias é a evolução apresentada pelo time e a segunda análise deriva essencialmente da primeira. A evolução, refletida no Record, pode definir o que o Lakers fará na Free Agency deste e do próximo verão. Pensem comigo, um time repleto de jovens que possuem um teto evolucional altíssimo, que na teoria ficam cada vez melhores, conseguiram 31 vitórias com 13 jogos faltando. Qual seria o próximo passo? Vencer cada vez mais com o passar dos anos, devido à evolução de vários jogadores do elenco que possuem capacidade para tal feito. E o que isso implica na Free Agency? A evolução desses jovens, se continuar nesse ritmo e nessas características, faz com que seja questão de tempo para que o Lakers volte aos playoffs. Aí entra uma das principais perguntas feitas: olhando para tudo o que esses jovens mostraram, tudo o que estão evoluindo, evoluíram e ainda podem e devem evoluir, sacrificar esse núcleo jovem para dar 2 contratos máximos para duas estrelas seria uma decisão inteligente? E se o que o Lakers procura está dentro do próprio time, mas que precisa de mais algum tempo para ser lapidado? Por outro lado, mantidas algumas peças e somadas a dois super jogadores, ficaríamos também muito fortes. Porém, é arriscado, como já discutimos num texto anterior. O que podemos afirmar é que estamos evoluindo, de verdade, como nunca estivemos antes. Ainda erramos e erraremos, mas é provável, bem provável, que pelo menos jogadores e técnicos, estão no caminho certo. Portanto, essas 30 vitórias representando muito mais do que apenas jogos vencidos, representam que a chance de estarmos engrenando é muito grande. Ao torcedor, pedimos calma. Paciência. Nenhum possível cenário, com Randle, com Paul George, com quem for, nenhum cenário é de todo ruim para o Lakers.
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Dominância (do latim dominationem): ter poder ou autoridade sobre; elevar-se acima de, estar ou ser sobranceiro; exercer domínio. Poderia muito bem estar falando de um ditador árabe; talvez de um assunto relacionado à genética; até mesmo sobre etologia. Mas não, não estou. Aliás, nem perto disso. No basquete, domínio lembra outra coisa: Shaquille O’Neal. Inúmeros recordes, pontos, enterradas, tabelas quebradas, tocos, humilhações e discos de rap estão em seu arsenal, mas O’Neal era mais que isso. Muito mais. Era um dos grandes. Daqueles capazes de carregar nas costas franquias poderosas e deixá-las em terra arrasada quando saísse. Que humilhava dia sim, dia também, míseros adversários. É verdade, é preciso dizer, jamais foi um craque. Longe disso. Chamá-lo de craque seria subvalorizar sua história. Shaquille era um gênio, uma lenda. Este pedacinho de artigo não conseguirá, nem de longe, expressar sua grandeza. O intuito, diferentemente, é recordar o quão ímpar Shaq foi. Sente-se e aperte os cintos. Uma viagem na história começará. A primeira parada é lá na temporada 1992-93, no Magic. O’Neal mostrou que era diferente, já vencendo o prêmio de novato do ano e colecionando fama, polêmicas e destruições de aros. O estrelato era inevitável. A coisa saiu tanto do controle que em 1996, em seu quarto ano de NBA, já carimbava seu lugar na lista dos 50 melhores da história (segundo a própria liga). Shaq e seu companheiro, Penny Hardaway, formaram uma dupla de encher os olhos e só não venceram a NBA porque a época não era das melhores para ganhar um título (a culpa é de vocês, Jordan e Olajuwon). Foram quatro anos belíssimos anos em Orlando, mas era preciso mais: talvez algo ainda mais midiático. E ele achou. Foi o casamento perfeito: Shaquille O’Neal e Los Angeles Lakers. Os dois se completavam como uma última peça de um quebra-cabeça. Não foi preciso muito tempo: apenas três anos de preparo de terreno para outra lenda que o nome talvez vocês não saibam, e boom: a NBA acabou. De 2000 a 2002 a Liga foi engolida e devorada por Shaq. O apelido de Diesel caiu como uma luva: Shaq era o motor do time. Uma partida acima da média dele e o Lakers já tinha uns 70% de chances de vencer qualquer um. Qualquer um. O nível era esse. O quão dependente de Shaq o Lakers era? Bom, a imagem abaixo pode dar uma dica. O Net Rating da equipe no ano 2000-01 subia pornográficos 15.5 pontos com ele em quadra. Respira, processa a informação, olha a foto mais uma vez. 15.5. LeBron James, em 2006-07, ano de seu esforço heroico para levar o Cavs de qualidade questionável às finais, teve a metade desse número. Ah, é sempre bom lembrar que esta ferramenta tem início apenas na temporada citada. Se fosse possível comparar o ano de 1999-00, o estrago talvez fosse ainda maior. Shaq e seu novo companheiro, Kobe Bryant, passaram por cima de quem ousou tentar contê-los, e também há alguns dados provando isto, como sempre. Veja a dependência que o Lakers tinha nestes dois jogadores, principalmente no ano de 2001. Nos 1318 minutos em que se achou inteligente descansar os dois ao mesmo tempo, fomos mal. Muito mal. Phil Jackson, claro, conseguiu consertar o horror que era entrar em quadra sem um dos na próxima temporada, como lenda que é. Nada de novo em Los Angeles. Obviamente, jogar oito anos de forma tão assustadora lhe trará conquistas. O Lakers conseguiu glórias, mais fama, um Three-Peat e talvez a última dinastia da Liga até os dias de hoje. Isso todos já sabem. Mas o que anos e anos de basquete a níveis nunca antes vistos proporcionaram à imagem de O’Neal no Lakers? Bom, inúmeros recordes alcançados e quebrados, e uma estátua do lado de fora da arena. E alguém esperava algo diferente? Os dados abaixo estão inflacionados, pois Shaq jogou todo o seu auge no Lakers, mas não deixa de ser surreal. Olhe a quantidade de minutos do Diesel comparado às outras lendas. Não tem como não respeitar. Esta aqui é uma história engraçada pelo contexto: estava eu terminando de escrever este texto quando resolvi dar uma paradinha e mexer no Twitter. A primeira coisa que aparece? Uma estatística em que Shaq lidera. Nada melhor que adicionar ao artigo. Ironia do destino ou não, mais uma prova de sua excepcionalidade. Abaixo, a lista dos jogadores com mais partidas de 30 pontos e 02 tocos antes de completar 23 anos. A lenda lidera, com folga. É quase como fosse normal entrar nas mídias sociais e encontrar um recorde em que Shaq lidera. Quase. Mas nem tudo são flores: talvez na maior decepção de sua carreira, Shaq e o estrelado Lakers de 2003-04 foi parado pelo azarão Detroit Pistons. Dali pra frente (para falar a verdade, bem antes disso), sua relação com Bryant se deteriorou a ponto de Kobe comunicar um ultimato: ele ou O’Neal. Shaq, já com 31 anos, foi o escolhido, e Kobe, merecidamente, tornou-se a nova face da franquia. Shaquille foi parar em Miami, onde com outro jovem e explosivo ala-armador, conseguiu vencer a NBA mais uma vez, dessa vez sendo ele próprio o coadjuvante. Foi o destino interferindo mais uma vez em sua vida.
Por fim, resolveu perambular em várias outras equipes até, na pior decisão de sua vida, pôr fim em sua história, em 2011, pelo time de verde. Shaq, assim como Kobe, Jordan e todos os outros, não conseguiu vencer o duelo contra o tempo. Este, segue imbatível. Mas quem se importa? O Legado já estava deixado, enraizado nos anais da história do esporte. Não havia necessidade de mais nada. O gênio chegara ao fim. E como o tempo voa! Há cerca de sete anos, o Diesel anunciava que seu gás tinha sido esgotado. Não foi por menos: O’Neal viveu o basquete como uma criança de colo. Quiçá ele realmente possuísse a mentalidade de uma, mas deixa pra lá. Foi deste jeito que tomou a NBA para si, mudando regras, estruturas, estratégias, campeonatos. E foi assim que ele tirou o sono de muita gente, e ainda tira. Até hoje, antes de dormir, Adam Silver deve imaginar: “o que farei se outro Shaquille O’Neal aparecer? Como manter a competitividade?”. Bom, fica tranquilo, isso não irá acontecer. Nunca. Mas se acontecer, esqueça. Nada será produtivo. Quer uma dica? Reze bastante. Talvez Deus tenha piedade e deixe O’Neal apenas nas memórias de quem o viu. |