Tudo ainda é muito recente. Confesso que em alguns momentos me pego relendo os tweets e manchetes de todos os grandes meios jornalísticos do esporte. É real. Ele escolheu Los Angeles. A cidade que estava tão carente de um grande ídolo parece não acreditar que LeBron James irá vestir a camisa 23 do Lakers. Porém, e agora? Qual é o próximo passo? O Lakers de 2018-2019 será o Cavs de 2017-2018?
“Lue é um fantoche do LeBron. LeBron é quem decide com quem vai jogar. Em qualquer time onde passar, James será GM, treinador e jogador. A franquia precisa fazer de tudo para agradá-lo.” Acredito que boa parte de quem acompanha basquete já deve ter ouvido estas frases pelo menos uma vez e chegou a hora de encarar esses clichês com o cenário e visão do Lakers. A diretoria, especialmente Magic e Pelinka, é muito contestada por suas escolhas e principalmente pela forma como articula seus planos. A ideia sempre foi ter pelo menos uma estrela nesta temporada que irá iniciar ou na próxima e até este ponto, conseguimos. Temos LeBron James. É neste estágio do plano que, pelo menos particularmente, tenho muito receio em como a diretoria moldará seu plano de gestão: ao redor de ou através de LeBron James. Recebemos notícias informando-nos que Magic passou algumas horas na casa da família de LeBron explicando e conversando com o jogador sobre todo o projeto da franquia nestes próximas anos que virão. LeBron retribuiu com seu contrato mais longo da carreira. Ou seja: LeBron acreditou no projeto da franquia. James não nasceu ontem. O time atual do Lakers não está nem entre os 4 mais fortes da Conferência, não seremos campeões nesta temporada e precisaremos reforçar e reformular nosso elenco. E é exatamente nesse ponto que entra o problema que levantei neste texto: Construiremos o futuro da franquia conforme os desejos e através de LeBron James ou pela primeira vez na carreira LeBron irá “apenas” jogar basquete? É comprometedor projetar todo o futuro da franquia ao redor de apenas um jogador. Ok, estamos falando de LeBron James, mas o que me acalma é que, pelo menos por enquanto, ainda temos nosso núcleo jovem. Por mais arriscada e incerta, temos uma válvula de escape para o pior cenário de todos. Outro ponto que me chamou muita atenção foi que LeBron não pressionou a diretoria para trazer outra estrela consigo e mesmo após as polêmicas contratações de Stephenson, Rondo e McGee, o novo astro da franquia parece estar de acordo com o andamento das coisas por lá. Até aqui estamos contando com o jogador LeBron James. É óbvio que a diretoria não deve agir para dificultar o caminho do King na franquia, mas também não deve fazer todas as suas vontades. Um dia LeBron irá embora, assim como Magic foi, Kobe e Shaq. Jogadores passam, o Lakers fica. O que eu espero da diretoria é uma administração em que LeBron seja membro do time de basquete, não do Front Office, como parecia ser por onde passou até aqui. O preço de agradar apenas um jogador é alto. Pode nos custar Ingram, Lonzo, Kuzma e Hart. Pode nos custas anos sofríveis de Draft e tank. Sob o comando de Luke Walton, com peças adaptadas ao estilo de jogo ideal da equipe (eu sei, Stephenson e Rondo pecam muito neste quesito) e um ambiente em que os jogadores possam apenas jogar, o Lakers deverá ter um time jovem, competitivo e promissor somado ao melhor jogador do planeta. Como a diretoria irá executar isso? Fica para um próximo texto.
Comentários
Do blogue mais empoeirado que já vi, trago o texto mais feliz de toda a história do projeto. Do blogue que começou falando como Brook Lopez poderia ser importante espaçando a quadra para os moleques; como doía perder D’Angelo Russell, mas por que deveríamos esquecer dele (já esquecemos); ou como a Summer League espetacular de Lonzo Ball impactava o futuro da equipe, sai uma resenha, basicamente 1 ano depois, da chegada de LeBron Raymone James.
Você tem noção do poder dessa frase? Da quantidade de esperança nesta afirmação? Um dos melhores jogadores de todos os tempos resolveu assinar com a sua franquia. Sem estrela nenhuma. Sem expectativa de vencer a NBA. Talvez o último movimento dele foi escolher jogar pela sua franquia. Percebe o quão sortudo é? O atleta mais midiático de todos os tempos no basquete está na franquia mais midiática da história da NBA. Já tem torcedor com raiva antes mesmo dele ser capa de jornais. E talvez nem estejam errados. Vai ser realmente insuportável. Mas eu irei adorar. Esqueça o elenco: Javale McGee, Lance Stephenson, Rajon Rondo, Luol Deng; esqueça o Houston Rockets, esqueça o Golden State Warriors com um time que mais lembra a Liga da Justiça, esqueça o Boston Celtics e seu futuro aterrorizador; esqueça Paul George, esqueça Kawhi Leonard: a vinda de LeBron não se remete a isso. Nem perto disso. Os torcedores de Cavaliers, Rockets e Sixers, para menosprezar nosso elenco e ironizar James, gritam a plenos pulmões: “LeBron foi para o Lakers em questões que envolvem mais que só o basquete!”. E eles estão incrivelmente certos. A ironia é evidente; a verdade, surpreendente. LeBron foi para o Lakers por muito mais que basquete. Mas isso não deveria ser motivo de risadas, mas de respeito. O Lakers tinha algo a oferecer que o Rockets, o Sixers e o Cavs não: o sambalelê, o pedigree de ser o Lakers. Não a franquia de basquete Lakers. O Lakers. Ponto. Como torcedor do Cowboys e do Yankees, LeBron sempre foi fã do “Big Stage”. Bingo. Era obrigatório (ênfase no obrigatório) que ele jogasse aqui, mesmo que por apenas 4 anos. O Sixers tinha um elenco de jovens bem melhores que o nosso, o Rockets um caminho fácil para o título. Mas lendas como LeBron não seduzem-se pelo fácil. O Lakers é um risco: se falhar, perde glamour; se der certo, cuidado Michael Jordan. E é aqui que entra a necessidade do Lakers de ter LeBron James. A equipe estava desde 2013 sem ter uma estrela em que pudesse confiar. O Kobe pós-lesão, infelizmente, não nos dava essa confiança. Howard nunca deu, Gasol não deu. Nossos jovens nunca explodiram em suas primeiras ou segundas temporadas, como Karl-Anthony Towns ou Ben Simmons ou Kristaps Porzingis. O Lakers ficou literalmente órfão. A franquia com a história mais virtuosa da NBA estava sem rumo. Estava. Não mais. James vem com a missão de mostrar mais uma vez para nós onde devemos ir. Vem com o intuito de nos levar onde devemos estar: no topo da pirâmide. O Lakers vai voltar a ser falado, voltar a ser visto, voltar a ser criticado. Tudo isso estava em falta. O gigante adormecido acordou. Prepare-se para todo mundo assistindo aos nossos jogos, matérias da equipe passando no Globo Esporte e SporTV e ESPN lutando para transmitir todas as nossas partidas. Resenhas sobre nossa franquia, discussões intermináveis sobre derrotas, postagens ilimitadas sobre nossas vitórias. LeBron e o Lakers, infelizmente (ou não), serão a história dessa temporada. Vai ser um porre, no bom sentido, para nós. No mal sentido, para eles. Não haverá inveja de ninguém, digo. Não temos poderio para tal com o elenco em mãos. Mas uma pitada de cansaço de nossa presença em programas esportivos, isso terá. LeBron James não é Paul George; também não é Kawhi Leonard. É LeBron James. Pertencente à primeira prateleira das lendas da NBA. Figura carimbada no Mont Rushmore de basicamente todo mundo que se preze. Antes mesmo de dar certo, já deu certo: você vai poder falar que viu James jogar. Mas não no Cavs, nem no Heat. No Lakers. Não importa o que aconteça, só se falará de LeBron no Lakers. Cousins assinou com o Warriors, quem foi mais ironizado? LeBron e o Lakers. LeBron é o Lakers. Às franquias rivais, minhas desculpas das mais sinceras. Eu não conseguirei agir racionalmente para uma situação como essa. Vencer a Liga ainda é o nosso objetivo, mas o ganho histórico dessa chegada, para mim, vai ser o marco da contratação. Magic & Kobe & Shaq & Kareem & West & LeBron. Uau. Monte a melhor equipe da NBA que imaginar com jogadores que nunca atuaram por aqui. Quantos jogos essa equipe, em uma melhor de 7, precisaria para vencer Magic, Kobe, Baylor, LeBron e Kareem? Pense bem em sua resposta. Não caia em discussões de LeBron ou Bryant. LeBron ou Magic, LeBron ou Shaq. Para menosprezar e diminuir felicidades alheias, muitos o levarão a isso. Apenas aprecie. Não perca jogos por besteira, não deixe de comentar sobre por vergonha. Viva esses 4 anos da forma mais intensa que conseguir. Os torcedores de Cavaliers e Heat estão de prova de que valerá a pena. Se você já odiou LeBron James um dia, esqueça. Eu também já. Em 2016, desisti de nadar contra a correnteza. Tente desistir agora. Deixe-se levar. A sensação é ótima. |