No último dia 20 de Junho, o Lakers fez sua troca mais impactante desde a que trouxe Dwight Howard para a cidade dos anjos. Para se livrar de Mosgov, Rob Pelinka resolveu mandar D’Angelo Russell para Brooklin, angariando Brook Lopez e a 27° escolha do Draft. Conhecido por ser um ótimo jogador no ataque, Lopez, por vezes, tem sua defesa subestimada. O que poucos sabem é que Brook é um bom defensor. Chegou a hora de dar o devido valor a um dos melhores pivôs da NBA. Para saber o quão bom ele é, resolvi empregar um método muito utilizado pelos especialistas: o Percentil. Para quem não tem a mínima noção do que isso significa, percentis são simplesmente medidas que dividem uma amostra em 100 partes, cada parte com percentagem igual. Difícil, né? Caso não entendeu, deixei um link aí na palavra percentil. Tenha em mente que quanto maior o percentil de um jogador, melhor ele é em tal quesito. Caso tenha, por exemplo, um percentil de 90%, é porque 90% da NBA tem uma produção de pontos por posse menor ou igual à dele. Agora foi? Sabendo disso, chegou a hora de descobrir o potencial de Lopez na tábua defensiva. Veja abaixo a performance de Brook em sete categorias diferentes de defesa, lembrando sempre que quanto mais perto de 100%, melhor. O que achou? Brook é um ótimo defensor em situações de “Spot-Up” e “Post-Up”. Lopez também terá desempenho acima da média em “Off-Screens” e “PnR’s Handler”, mas não exija muito dele. Seu calcanhar de Aquiles, entretanto, são os Handoff’s e as jogadas de ISO, onde seu Percentil abaixo de 25% o coloca entre os piores da NBA. Neste ponto de vista, contudo, Lopez parece um sólido defensor. Mas e se o compararmos com os melhores da posição? Escolhi três defensores que, para mim, fazem parte de três prateleiras diferentes: “bom”, “muito bom” e “excelente”. Os jogadores são, respectivamente, Hassan Whiteside, DeAndre Jordan e Rudy Gobert. Primeiro, a comparação com Whiteside: Retirei a comparação de Handoff’s para melhor visualização: o pífio Percentil de 5,500000000% de Whiteside faz os números ficarem deitados. Hassan é incrível nas situações de 1x1, mas não ajuda a equipe em outras funções, e, excetuando as jogadas de “ISO”, Brook é melhor em tudo. Um tapa na cara de quem acha Lopez um péssimo defensor. Não teve nem graça. Sem mais delongas, hora de compará-lo com DeAndre Jordan: Jordan é melhor em quatro dos sete quesitos, além da “goleada” na categoria “Isolation”. Entretanto, Lopez não fica tão longe, vencendo, obviamente, os três restantes. Pode-se dizer que Brook chega mais perto de Jordan que Whiteside de Brook. Por fim, a comparação com o discutível melhor defensor da NBA: É claro que Lopez não é melhor defensor que Gobert, pois se fosse estaria disputando o prêmio “DPOY”, mas a comparação consegue ao menos mostrar que Lopez não é tão ruim assim. Outras variáveis não entram, evidentemente, nesse cálculo, mas não dá pra negar que é um desempenho no mínimo animador.
No geral, Lopez é um bom defensor. Limpar o garrafão, distribuir tocos e ajudar na rotação defensiva são algumas de suas credenciais, e na “Post-Defense”, Brook se destaca. Entretanto, a área onde é capaz de defender em alto nível é pequena, colecionando falhas de marcação fora da área pintada ou no perímetro. Não é certo requerer de Lopez uma atuação eficiente em todos os ramos do jogo, mas, se bem trabalhado, um ótimo “rim-protector”. Isso, claro, se o Lakers souber usá-lo.
Comentários
Eu prometi não fazer mais textos em tom de “empolguei”, mas dessa vez é muito mais do que necessário. O Lakers está bem próximo de voltar à grandeza. O time que não vai aos playoffs desde a temporada 2012-2013, tende a se aproximar do lugar onde mais esteve durante sua história.
Acredito que boa parte dos torcedores do Lakers já devem estar cansados de ouvir coisas do tipo: Temos espaço salarial! Los Angeles é atrativa! Hollywood! Lakers sempre teve muitas estrelas! Estamos ansiosos pela offseason! Enfim, desde 2013 temos falhado miseravelmente antes do período de contratações, e sempre antes desses períodos, podíamos ler textos em um bom “agora vai” ou “empolgou”. Confirmando o que disse no começo, o Lakers está muito próximo MESMO de voltar ao sucesso. E estou aqui para provar isso. O primeiro fator é a saída de Mozgov (claro, nos custou D’Angelo Russell e um ano de planejamento). Lembrando que o contrato do russo tem 4 anos de duração e com um valor absurdo, liberando 16 milhões na folha salarial, que podem ser usados em contratações de grandes nomes na próxima agência livre. É válido lembrar também que provavelmente Luol Deng deve ser trocado (não sabemos quem teria que ser sacrificado), liberando mais 15 milhões na folha do Lakers. E se não bastasse isso, o Lakers, a princípio, não tem o contrato de Brook Lopez e KCP para as próximas temporadas, liberando ainda mais dinheiro. Resumindo: teremos espaço para contratar duas grandes estrelas (a próxima Free Agency conta com nomes do nível de Paul George, LeBron James, Westbrook e Cousins). Óbvio, estamos apenas especulando, mas a possibilidade de contar com duas dessas estrelas é muito real mesmo. Partindo para uma parte mais concreta da situação do Lakers, contamos com Lonzo Ball. O menino tem talento e capacidade de sobra para organizar e elevar esse time em termos de produção, tornando o Lakers cada vez mais atrativo. Lonzo possui um peso enorme nas costas, mas com o pouco que vimos, também tem muita capacidade. Somado a Lonzo, Brandon Ingram tem tudo para fazer de sua segunda temporada, a melhor da carreira, sem contar os outros jovens que começaram a treinar freneticamente para o início da temporada. Vale lembrar que um mix entre jovens talentosos e grandes jogadores experientes é uma das receitas para montar um time campeão. Uma parte mais delicada da situação é a diretoria do Lakers, que desde a saída de Mitch Kupchak apresenta sinais de evolução, mas em casos de problemas, dificilmente vamos conseguir saber. Essa mesma diretoria que foi criticada por trocar D-Russ, agora é muito elogiada. É um pensamento bem diferente de Mitch, muito mais pra frente. Pelinka, Buss e Magic terão trabalho para limpar toda a sujeira feita pela gestão anterior, mas se mostraram competentes até agora. A verdade é que o Lakers tem tudo para voltar a grandeza: jogadores novos e talentosos, espaço salarial para grandes estrelas experientes, um ambiente renovado e uma torcida sedenta por grandes feitos. E você, já entrou nessa onda? Ela está vindo e crescendo como nunca nos últimos tempos. Ainda há tempo. Acredite, o Lakers pode estar muito mais vivo do que você imagina. No curso de sua trajetória, numerosos foram os jogadores com relevância e destaque no mundo NBA. Kareem Abdul-Jabbar, Michael Jordan, Magic Johnson, Bill Russell, Wilt Chamberlain, Larry Bird, Tim Duncan, Shaquille O’Neal, LeBron James, Kobe Bryant... listar todos demoraria excessivamente. Cada um desses teve sua importância, seja dentro ou fora de quadra, na evolução de defesas e ataques, no aperfeiçoamento de regras, na disseminação do esporte ao redor do mundo, entre outras coisas. Escolher, portanto, apenas um parece uma tarefa impossível. Contudo, um nome destoa dos demais: George Lawrence Mikan Jr., a primeira superestrela da NBA.
Tecer tal frase me obriga a esmiuçar os primórdios da liga. Fundada em 1946, ainda como BAA, fundiu-se em 1949 com a NBL para finalmente ser conhecida como hoje. Mikan, porém, só apareceu em 1948, depois de um ano na NBL, vencendo o único campeonato que disputou. Seu Chicago American Gears, entretanto, se extinguiu de forma inusitada: Maurice White, o dono da franquia, resolveu abandonar a NBL e criar seu próprio campeonato, onde seria o dono de tudo. Obviamente, a ideia não deu certo e os jogadores foram divididos entre as franquias restantes. Mikan tinha 9.09% de ser sorteado por cada equipe, mas caiu no Minneapolis Lakers. E exatamente aqui a história começou. Em 14 de Dezembro de 1949, o Lakers foi à Nova Iorque para enfrentar o Knicks. Quando o time chegou, percebeu algo inusitado: a marquise que deveria expor qual seria o jogo do dia, tinha escrito “George Mikan VS The Knicks”. Pode ter parecido uma espécie de brincadeira da franquia nova-iorquina, mas não foi. Era essa a impressão passada. Era esse o nível assustador de dominância de Mikan. Com George, o Lakers venceria cinco dos seis primeiros anos de NBA. Além disso, Mikan instituiu a primeira dinastia da história: entre os anos de 1952 e 1954, a liga presenciou, estarrecida, seu primeiríssimo “Three-Peat”. Sem competitividade, a NBA se viu forçada a fazer alguma coisa. Primeiro, foi introduzida, em 1949, a regra dos 24 segundos, depois do famoso jogo entre Lakers e Pistons, onde os jogadores de Fort Wayne assumiram que prenderam a bola apenas para Mikan não participar da partida. Dois anos depois, o espaço do garrafão dobrou de largura. As duas regras, empregadas até os dias atuais, talvez nunca existissem não fosse Mikan. E não pense que foi apenas na NBA: sua dominância no basquete universitário fez a NCAA adotar a regra do Goaltending, pois George era alto o suficiente para mudar a direção da bola na descendência, e pontuar sobre ele se tornava uma tarefa impossível. Uma lenda por onde passou. O basquete, antes feito para pessoas de estatura normal, transformou-se totalmente. Se hoje apenas grandalhões são vistos jogando, foi porque, nos anos 40, Mikan entrou completamente na contramão do sistema e revitalizou a forma de jogar o esporte. Seu estilo de jogo concentrado embaixo da cesta, com alto número de rebotes e tocos foi aperfeiçoado ao longo do tempo, e hoje os especialistas nessas categorias são por vezes chamados de ”Big-Men”. O que poucos sabem é que o primeiro Big-Man do basquete norte-americano foi George. Fica impossível ter certeza de que forma o basquete seria jogado hoje não fosse Mikan, e não à toa seu apelido é “Mr. Basketball”. Fora das quadras, Mikan ainda teria tempo de colocar mais uma vez (o homem era foda) o nome na história. Na ABA, liga que rivalizou com a NBA na década de 70, já como comissário, atuou diretamente na criação de uma linha de três pontos. Doze anos depois, em 1979, a NBA absorveria essa ideia. Não bastasse isso, foi peça crucial na expansão da liga. Depois de muita pressão de George para a criação de uma franquia em Minneapolis, a NBA finalmente cedeu, em 1989. A equipe adicionada foi o Minnesota Timberwolves, que retribuiu o favor estampando sua estátua no Target Center. Ficou satisfeito ou quer mais? Infelizmente, Mikan nunca teve o reconhecimento que realmente merece dos amantes do basquete. Falecido desde 2005, é raríssimo ouvir ou ver entrevistas de pivôs e alas de força o condecorando. Sua carreira é dificilmente divulgada pela mídia, e sua importância para o esporte, poucas vezes debatida por analistas. Com sua história jogada às traças, o “Mr. Basketball” tem por vezes seus feitos confundidos com outras lendas, como Wilt Chamberlain e Kareem Abdul-Jabbar. Um desrespeito ao jogador mais importante que já existiu, mas que hoje, de forma obsoleta, tem sua história esquecida em fundos falsos de baús. |