Foi inevitável. Depois de seguidas ótimas atuações de um, performances apenas regulares de outro, a pergunta veio: Randle está merecendo um chá de banco? Ou melhor: Kuzma merece começar jogando? Os mais tranquilos dizem que ainda é cedo. Os mais desesperados já afirmam que Randle deve mesmo é ser trocado. Mas existe mesmo alguém certo nessa história? E o que fez um calouro de fim de primeira rodada ameaçar a titularidade de um dos prospectos com mais esperança sobre desde Bryant?
Antes de tudo, deve-se analisar o impacto ofensivo que ambos trazem ao time. Randle chegou em 2014 à franquia com muita desconfiança e receio sobre seu jogo ofensivo: seu estilo Bully-Ball já não é mais tão bem visto como outrora, e sua incapacidade em espaçar a quadra prejudica a fluência do ataque. Cerca de três anos depois, pouca coisa mudou, e quando tenta inventar alguma coisa do perímetro, geralmente isso acontece:
Apesar disso, nem tudo foi horrores. Julius conseguiu acertar alguns jumpers que antes nem mesmo tentava. O que, claro, é um alívio, visto que espaçar a quadra é basicamente uma regra na NBA atual. Aqui está um exemplo: passe foguete de Ball, Catch and Shoot, cesta.
Kuzma, diferentemente, já trouxe um repertório de bolas de longa distância direto do College, onde manteve uma média (mediana, é verdade) de 30%. Para efeito de comparação (e eu tenho certeza que você se perguntou sobre isso), o líder em porcentagem, nas posições PF e C e que tenha chutado mais de três bolas por partida é Channing Frye, com 41%. Aqui está o link para quem quiser saber, mas um rápido spoiler: Nikola Jokic, DeMarcus Cousins, Kristaps Porzingis, Joel Embiid, Kevin Love e Anthony Davis ficaram todos abaixo de 40%. E a média que já não era ruim no College melhorou para absurdos 48% em sete (!!!) tentativas por partida na Summer League. O aproveitamento pornográfico de Kyle durou sete partidas e o coroou com o prêmio de MVP das finais. Mas como comparar médias brutas sem entender o cerne da questão é errado, olhemos como cada um consegue esses chutes. Antes de ver Kuzma, dê mais uma olhada no primeiro vídeo de Randle e perceba seu péssimo trabalho de pés, e, ainda, como Julius se desloca no meio do movimento. Viu? Beleza. Agora saca só o quão bom foi o “footwork” de Kuzma nessa bola longa de dois:
Em menos de um segundo, Kuzma conseguiu segurar o passe um pouco atrás de Randle, moveu os pés da forma correta para ficar de frente pra cesta e finalizou com seu veloz release. Um verdadeiro “Catch and Shoot Guy”. Nos dois primeiros jogos, Kyle saiu do banco para colocar fogo no jogo, e em ambos manteve o Lakers na partida até onde deu. Mas e se ele já começar jogando? O banco perde forças ou o time titular se potencializará? Depois de apenas três jogos fica um pouco difícil prever o quão ruim ficará o banco com a perda de Kuzma, ou o quão bom o time titular, mas provavelmente o óbvio irá acontecer: o banco perde e o time titular ganha. Para efeito de comparação, nos dois primeiros jogos, o Plus Minus de Kuzma foi 0, e o de Randle, -26. Mas comparar tão poucos jogos é meio imprudente, então, por ora, o que resta é esperar.
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