De péssimo titular a excepcional reserva, Randle sempre dividiu opiniões. Lesão grave na perna em seu primeiro jogo, segunda e terceira temporadas inconstantes e decepcionantes, banco em 2017-18. É possível dizer que, até agora, o ala-pivô não agrada. Cercado de expectativas desde o dia de sua escolha, Julius não conseguiu virar titular absoluto mesmo em uma equipe fraca como o Lakers. E é exatamente do banco que ele encontrou sua melhor forma. Duvida? Na tábua ofensiva, Julius apresenta melhoras, mas talvez não o suficiente para te deixar surpreso. Na temporada passada, ele ficou abaixo da média em praticamente todas as categorias possíveis. Esse ano, ele continua em um nível mediano, mas com melhoras. Das categorias em que ele se qualificou pra entrar no cálculo de Percentil, essas são suas médias: Deu para perceber que ele deveria ser mais usado como um pivô “raiz”, certo? Excelente em Pick and Rolls e Putbacks. E espero não ver mais nenhuma jogada em Isolation. Randle, antes fraco em tudo, tem pontos fortes. E isso precisa ser explorado.
Mas não é no ataque que ele chama atenção. É no outro extremo da quadra. Aqui, Julius saiu de um dos piores defensores da Liga para um dos melhores. E isso tem muito dedo de sua evolução física, fruto de treinamentos intensos na Off-Season que o fez ganhar força e velocidade. Fale a verdade: quantas vezes você já viu um armador cair em um “mismatch” com Randle, quicar a bola com felicidade, partir pra cima e ser humilhado? E não foi qualquer um: Julius colocou nada menos que Stephen Curry no bolso. Contando apenas os jogadores que tiveram trinta jogadas no estilo, Randle é o quarto melhor. Cedendo apenas 0.76 ponto por posse. E não foi só isso: adversários saíram com apenas 0.33 PPP nas sete jogadas defensivas de PnR Man que Randle participou. Se ele continuar nessa média, quando chegar a dez jogadas ficará com um Percentil maior que 99%. Em outras palavras, apenas Amir Johnson é mais eficiente que Randle. Ainda, quando está jogando, Julius Randle melhora a defesa do time inteiro (claro, com o quinteto correto). Pensando em uma formação com Lonzo Ball, KCP, Ingram e Kuzma, só a troca de Lopez por Randle diminui nosso Def Rating (o quanto menor, melhor) em 15, ou 86.9. Um absurdo. Um adendo: nossas piores formações defensivas tem Clarkson de armador e Lonzo no banco. Ball faz muito bem à equipe e quem o critica não assiste aos mesmos jogos que as estatísticas. Mas o que talvez seja a maior incógnita e motivo de confusão entre os torcedores é o que fazer com Julius. Tentar mandá-lo junto com Luol Deng para abrir espaço no CAP? Há um problema: será que um reserva terá valor suficiente para fazer uma franquia engolir essa aberração de contrato? Outros dizem melhor pagar o garoto. E quanto ele vale? Certamente ele não irá querer os mesmos 12 milhões de Clarkson, afinal, vale muito mais. Será que vale a pena? Há ainda como opção assinar sua Qualifying Offer e tentar a sorte com seu contrato restrito. Até aonde vale cobrir uma proposta de outro time? E perdê-lo de graça assim vale tanto a pena? Todo esse caminhão de perguntas eu deixo pra vocês. Não irei interferir com os meus pensamentos. Randle evoluiu. Mas será que foi o suficiente?
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Era então o Draft de 2005 e o Los Angeles Lakers tinha a décima escolha, o departamento de scout e técnico do Lakers resolvem draftar Andrew Bynum, um pivô, garoto de 17 anos que resolvera pular a faculdade e se declarou elegível para o draft vindo direto do Ensino Médio, mais especificamente da escola St.Joseph, em Metuchen, New Jersey.
O garoto com as médias de 19.2 pontos, 14.9 rebotes, 5.6 tocos em 32 aparições, chamou a atenção do time da Califórnia e então, com 17 anos e 244 dias, em 2005, Bynum se tornava o jogador mais jovem a ser draftado por um time da NBA, ultrapassando Jermaine O’Neal. Logo após a escolha de Bynum, o Lakers anunciou a efetivação de Kareem Abdul-Jabbar para treinar especificamente o garoto. Essa ocasião foi retratada no livro 11 anéis, que conta a história de Phill Jackson (treinador do Lakers na época da escolha de Bynum). Segundo Phill, Kareem foi instruído para moldar Bynum exatamente para o estilo de jogo do Lakers na época: o triângulo. O pivô foi instruído incessantemente para jogar nos moldes do treinador. De cabo a rabo da quadra. Em sua temporada de calouro, um lance chama muito atenção na carreira de Andrew Bynum. O Lakers enfretava o Miami Heat de Shaq, em Los Angeles. Shaq, ainda com muita lenha para queimar, faz seu famoso movimento e crava a bola na cabeça de Bynum. O garoto não se intimidou e retribuiu a dose no pivô mais dominante da liga, levando o Staples Center ao delírio. Após a jogada alguns cotovelos acabaram sobrando para os dois lados e Kobe teve que acabar separando o princípio de confusão. Em resumo de sua temporada de calouro, Bynum mostrava flashes de confiança e dominância, mas ainda era muito, muito mesmo, irregular. Tanto no rendimento como nos arremessos de quadra. Na temporada seguinte, Bynum começou a ter mais tempo de quadra e mais tempo adaptado ao sistema de jogo do técnico Phill, fazendo com que seus números começassem a entrar em crescente. Surgiam rumores de que o Nets tinha interesse em fazer um negócio com o Lakers, envolvendo Jason Kidd, que acabaria em Los Angeles e Andrew Bynum, que terminaria no Nets. É válido lembrar que a ideia de ter Kidd no elenco havia agradado Kobe, que demonstrava um relacionamento longe do ideal com Bynum, chegando até a aparecer em um vídeo dizendo que o Lakers deveria trocar o pivô. Infelizmente, durante toda a passagem no Lakers, Bynum apresentava muitos problemas relacionados à lesões, principalmente no joelho. O jogador só teve 2 temporadas jogando mais de 65 jogos da temporada regular pelo Lakers. O jogador se demonstrava muito talentoso e com muito potencial, chegando a ser selecionado para o All-Star e para o All-NBA Team, mesmo com todo histórico de lesões. Bynum teve partida de 46 rebotes pela franquia da Califórnia e com o passar das temporadas começava a aumentar seus números. Vale lembrar que Bynum não jogou as finais de 2007-2008, onde um time de verde acabou faturando o título. A ausência de Bynum poderia ter mudado o rumo de alguns jogos das finais. Já nas temporadas seguintes Bynum foi fundamental para a conquista de dois títulos em sequência. Após a temporada de 2011-2012, a melhor de Bynum pela franquia, onde teve médias de 18.7 pontos, 11.8 rebotes e 2 tocos, o pivô foi envolvido numa troca de 4 times, parando em Philadelphia, enquanto o Lakers recebia Dwight Howard. Com todo histórico de lesões e problemas relacionados ao temperamento, mas principalmente em relação as lesões, Bynum nunca conseguiu engrenar fora do Lakers. As inúmeras lesões, de gravidade relevante, acabaram levando o jogador até Cleveland, depois Indiana e por último Chicago, onde foi dispensado. Hoje em dia Bynum aparece assistindo alguns jogos em ginásios ao redor do Estados Unidos. Uma pena. Um jogador tão talentoso e técnico teve grande parte de sua carreira, que era muito promissora, comprometida por conta de lesões (mais tarde foi descoberto que Bynum tinha um problema crônico no joelho). Mesmo baleado e jogando fora de forma em Philly, Cleveland, Indiana e Chicago, Andrew teve partidas interessantes. Depois de Howard, Hill, Boozer, Hibbert, Mozgov e agora Lopez, nomes como o de Bynum me fazem refletir a regressão que vem sendo a posição de pivô do Lakers, que já teve nomes como Shaq e Chamberlain. Bynum deixa saudades, assim como cada pedaço daquela geração de 2005 em diante. |