Estávamos todos nós esperando um backcourt com Lonzo Ball e D’Angelo Russell, logo depois, D-Lo é trocado. Pânico. Histeria. Nervosismo. Alegria. Tristeza. Sorrisos. Decepções. Uma mistura de tudo isso era encontrada nos rostos dos torcedores do Lakers.
D’Angelo estava vindo da sua melhor temporada, em uma evolução constante. Claro, possuía várias inconstâncias, mas muito se esperava dele. Concordamos que foi nesse garoto que grande parte da torcida do Lakers depositou sua fé, após o anuncio da aposentadoria de Kobe Bryant, mas precisamos ser sinceros: Russell nunca foi o jogador que todos nós esperávamos que ele fosse. De fato, mostrou lampejos e flashes do que poderia ser, mas nunca o foi de fato. Particularmente defendi Russell por horas e horas em debates, mas verdades precisam ser ditas: o garoto foi bancado por dois treinadores diferentes, teve problemas com a mídia e com jogadores do time. Algo de errado estava acontecendo. É preciso saber dizer adeus. D’Angelo se foi. Levou consigo a fé de torcedores de uma cidade que ansiava por um novo ídolo. Um novo líder. Um novo líder? Líder? Point Guard? Bom, automaticamente ao falar dessas palavras em Los Angeles, a figura de Lonzo Ball já deve aparecer em sua cabeça. O garoto tem a cara de Los Angeles. A cara do Lakers, e o respeito que todo armador dessa franquia tão gigante deve ter. Como disse, defendi Russell por horas, mas o encanto que o Ball tem, me faz até perder a graça e ficar um pouco envergonhado com os duradouros debates. Lonzo é tudo o que o Lakers precisa pra posição. Um cara carismático, que joga pra torcida, faz o time fluir, é respeitado e acima de tudo: Lonzo Ball RESPIRA Los Angeles e Califórnia. Ao Russell, desejo todo o sucesso do planeta. Espero que consiga validar todo o enorme talento que tem em si. Russell foi embora. Os debates também. Precisamos seguir nossas vidas. Obrigado por levar o Mozgov junto. E por favor, não grave mais nenhum companheiro de time quando ele confessar algo pra você. Ao Ball, a grandeza te espera, garoto. E é impossível não ficar empolgado ao assistir você jogar. Espero ver seu nome junto ao de West, Magic, Kobe, Shaq e todos os outros gigantes que o Lakers teve. O futuro é nosso, e Ball é parte dele.
Comentários
Em 2015, o Warriors mudou completamente os rumos da liga ao pôr em prática o famoso “Small Ball”: ao invés de ter um garrafão formado por um pivô e um ala-pivô, os Dubs jogavam com um ala-pivô e um ala, tendo uma média de altura mais baixa, mas ganhando versatilidade e espaçamento de quadra. Nascia em Draymond Green o protótipo do Stretch Five. O que ninguém esperava era que um ano depois eles já estariam dominando a NBA.
Brook Lopez é um jogador acima da média. Beirando sempre os seus 20 pontos por partida, Lopez decidiu que faltava uma cereja no bolo para se tornar ainda mais importante na liga: adicionou as bolas de três em seu repertório. Depois de tentar 31 chutes até o ano passado, Lopez saltou para impressionantes 387, com um aproveitamento de 34.6%. Ainda, seu Brooklin Nets foi o que mais tentou “drives” e foi o segundo time com mais pontos em bandejas na NBA, 23.4 por partida. Mas o que Brook tem a ver com essa estória? Faça um desafio a si mesmo: tente lembrar quantas vezes você viu Isaiah Thomas atacar a cesta sem nenhum grandão para atrapalhá-lo. Provavelmente você não tem a menor ideia. Mas onde diabos estava o pivô do time adversário? Marcando Al Horford no perímetro e deixando o caminho livre para Thomas. Essas jogadas não entram nas estatísticas de Horford, mas sem ele, IT nunca teria esse desempenho magistral. Se o adversário entrar no garrafão, deixa Horford livre. Se continuar no perímetro, Thomas tem caminho aberto para anotar mais dois pontinhos. Não tem escapatória. É exatamente nesse ponto que Lopez tem dedo no ataque do Nets. Se o time ficou em primeiro com mais tentativas de drives, muito foi por conta de Brook. No Oeste, o Nuggets simplesmente virou o melhor ataque da NBA desde que o Stretch Five Nikola Jokic entrou no quinteto inicial. Porzingis, Towns, Cousins, Davis, até os irmãos Gasol espaçam a quadra hoje em dia. Pivôs como DeAndre Jordan, Andre Drummond e Dwight Howard estão sendo deixados de lado por “travarem” a fluência do ataque. Chutar de três simplesmente virou um requisito para um pivô ter uma carreira na liga. Com isso, espera-se do Lakers um time muito mais inteligente e talentoso no ataque nesta temporada. Com Lonzo e Ingram tendo espaço para atacar a cesta sem problemas enquanto Lopez está aberto no perímetro esperando uma chance de marcar, a tal “inversão de papéis” pode fazer do time angelino um elenco com calibre de Playoffs. O que resta é esperar para saber se Luke Walton vai conseguir extrair todo esse potencial ofensivo que o Lakers conta, ou se o espaçamento do time vai ficar só na conversa.
Quando D’Angelo Russell foi trocado, parte da torcida ficou furiosa com o novo General Manager, Rob Pelinka, e seu colega Magic Johnson. Outros abraçaram a ideia por achar Russell inconsistente demais. Ainda teve gente dizendo que ele nunca fora o jogador que todos imaginavam ser. Ironias do destino à parte, todos estavam errados. Russell era um bom jogador, com certeza. Mas a verdade é que ele nunca foi a pessoa ideal pra L.A.
D’Angelo foi, na verdade, sacrificado. Não por erro da diretoria, mas por causa de sua personalidade. Apesar de ser convencido e alvo de algumas polêmicas, Russell não é um jogador procurado pela imprensa, não é visado pelas câmeras e nem alvo de críticas por cada passo dado em quadra. Muito menos tem um pai tão arrogante e irreverente que venda sua imagem de forma magistral. Russell não é um líder. Ao menos, não o do Lakers. Lonzo, mesmo sem ao menos ter pisado em quadra, já trouxe interesse de outros jogadores a se juntarem a ele. Além disso, tem mais fama e glamour que D’Angelo sempre teve. Ball é a pessoa mais capaz de fazer o Lakers ser respeitado. Dentro de quadra, mas principalmente fora dela. Cada cesta, passe, ou qualquer movimento que ele faça será discutido e gravado e criticado e elogiado por analistas, pela mídia e pela própria torcida. Lonzo é a essência de Los Angeles. Além disso, seu estilo de jogo combina com o do time. Alto, versátil, rápido, Ball pode melhorar e muito a vida de Ingram, Lopez e companhia. Capaz de mudar um time da água para o vinho, como fez com UCLA, dobrando o número de vitórias do time, seu objetivo é chegar aos Playoffs já em seu primeiro ano. Entretanto, mesmo sem consegui-lo, Lonzo deve fazer do Lakers um time prazeroso de assistir. Trará audiência e visibilidade à franquia carente de atenção. Fará o Lakers ser Lakers novamente. É fato que existiram outros motivos para o Lakers confiar em Lonzo. Inconsistência e problemas extra-quadra de Russell podem ter queimado seu filme, mas isso não importa. O Lakers precisava de uma figura, de alguém que conseguisse estampar a marca da franquia trazendo a atenção da mídia. O Lakers precisava de alguém que já na noite do Draft trouxesse mais postagens sobre ele que todo o resto do TOP5 combinados. Alguém que conseguisse melhorar o elenco só por estar ali e que beneficiasse o jogo de todos ao seu redor. O Lakers precisava de um líder. Não precisa mais.
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